Ontem foi aniversário de Curitiba, 324 anos. Se tem um lugar que eu gosto na cidade é a Praça Tiradentes, um local em que estranhamente eu passei boa parte da minha vida. Isso porque os ônibus que tem ponto ali são demorados e nos dois lugares em que eu morei na vida, eu tinha que pegar os ônibus dali para ir embora. Foram – e são – os meus trens das onze.
Na minha infância, meus pais só compravam móveis na Casas Bahia da praça, comprávamos coisas nos dois antigos Mercadoramas (no tempo que era um bom mercado), roupas na Pernambucanas, lanches no japonês, a Pipoca do Valdir e flores, claro, no Mercado das Flores. Isso sem falar no Dogão da Tiradentes, sem dúvidas o que eu mais comi na vida.
Na época do meu primeiro emprego, eu estudava no Ahú e trabalhava no Vista Alegre, e para fazer o trajeto entre um lugar e outro eu tinha de pegar um ônibus que para… na Tiradentes. Para voltar do Colégio Estadual do Paraná também. Nos dois casso, parecia que às vezes o ônibus nunca ia chegar. Isso sem falar em outras lembranças, encontros e desencontros que são próprios a mim e certamente a outras pessoas. Afinal, ali fica a Mercearia Viana, o melhor pão da cidade, é caminho para a Biblioteca Pública, para o Largo, para o Mueller, para XV.
Mas o que mais eu gosto nesta praça é o fato de que ela me faz ver que a cidade pulsa e que a vida acontece e passa. Afinal, a vida acontece na rua, com pessoas andando, comprando, conversando, comendo, bebendo, protestando, pedindo, reivindicando, brigando, beijando, morrendo e matando, correndo e chorando.
E esperando o ônibus que demora.