No Aeroporto de Guarulhos, final de 2017, 19h. Centenas de pessoas andando de um lado para o outro. Voos, conexões, barulho de rodinhas de malas, pessoas correndo para não perder o avião. Attention passengers. O voo 8062 da Latam de São Paulo para Milão seria apenas às 22h25, mas, por uma questão de segurança, resolvemos sair de Curitiba às 15h. Em outras oportunidades, o clima sempre imprevisível do Afonso Pena havia ferrado a viagem e essa não poderia dar nada errado.
Afinal, era a nossa primeira eurotrip.
O Felipe já estava embarcando no voo da Ibéria que o levaria a Madrid e depois seguiria sozinho a Bologna, nosso ponto de encontro e base para explorar todo o norte da Itália. Na Pizza Hut de Guarulhos, eu e o camarada Ronildo Pimentel desembolsávamos mais de R$ 100 para comer uma pizza de massa gordurosa e tomar umas bebidas açucaradas. Apesar de tentarmos, não conseguimos nos encontrar Felipe ainda em solo brasileiro. Ele foi enquanto eu e Roni ficarmos em GRU aguardando a nossa vez.
Esperar em aeroporto não é lá a experiência mais legal da viagem. Sempre haverá gente gritando, gente ocupando mais de um banco enquanto muitos ficam em pé, agentes de segurança estressados, wifi que não funciona e os preços que fazem qualquer paçoquinha ou cafezinho ser mais superfaturados que obra do Paulo Maluf.
E tudo isso seria agravado pela informação na caixa de som, faltando menos de uma hora para a partida, de que nosso voo para Milão atrasaria e de que a previsão mais otimista é que seriam no mínimo mais 4 horas esperando no chã duro e frio do aeroporto paulista.

No nosso caso, o problema seria mais de que perderíamos parte do primeiro dia da eurotrip, já que teríamos de ir de Milão a Bologna de carro. O trajeto não era o problema, já que são pouco mais de 200 kms. Mas na programação original chegaríamos em Milão às 12h e em Bologna por volta das 16h. Com o atraso, que foi de 4 horas, chegamos por volta das 17h em Milão em Bologna no breu (e frio) das 20h.
Cansados da jornada de mais de 24 horas entre Curitiba e Bologna, não nos restava nada mais do que descansar.
Porra!
Já perderíamos de cara meio dia dos 19 da viagem suadamente planejada durante mais de meio ano. Para quem tem tanta expectativa, perder 4 horas que seja é uma tortura.
Mas não havia o que fazer.
Ou na verdade, havia. Sentamos no chão frio do aeroporto e fomos fazer que eu não via desde os fãs de Restart em 2010: xingar muito no Twitter. Ronildo estava possesso, como pode ser visto abaixo:

A Latam tentava amenizar um pouco as coisas
Assim, ofereceu aos cerca de 300 passageiros um voucher de R$ 20 para alimentação num dos únicos locais do terminal que estava aberto àquele momento. Vai dar pra comprar pelo menos um bolinho, pensei. Todavia, coisa ruim puxa a outra, nem o bolinho, pois o local estava fechando, com pouco comida e demorando para atender a todos.
Ronildo ainda conseguiu um salgado, uma espécie de sanduíche de pão folha seco com queijo e presunto. No caso dele era um agravante, já que odeia presunto. Mais um motivo para xingar a Latam no Twitter:
Lixo oferecido pela @LATAM_BRA aos passageiros do vôo 8062. #SocorroProcon #Vergonha pic.twitter.com/pnznJ77RSZ
— Ronildo Pimentel (@RonildoPimentel) December 30, 2016
Você vai ficar puto, vai brigar com seu acompanhante, a criança vai chorar e não haverá nada o que fazer. Afinal, basta a companhia aérea justificar que foi devido a uma manutenção de segurança (como fizeram) ou a programação não esperada que você vai ter que esperar. Não tem conversa.
O chá de cadeira e o lanche ruim no aeroporto ao menos serviram para refletir e aprender a planejar ainda melhor todos os horários e conexões que são necessárias em uma viagem internacional. De acordo com os entendidos no assunto ideal é que exista entre cada um a distância de no mínimo 4 horas. Para ter menos perrengue ainda, comprar tudo num bilhete só nos casos de avião.
Quase 1h da manhã, era hora de partir e encarar as 12 horas cruzando o Atlântico. Assunto para outro post.
Contudo, não sem antes xingar um pouco mais a Latam no Twitter.